Esperado há várias décadas um novo conjunto habitacional deverá ser entregue em breve. Das 1.200 casas e apartamentos prometidos em governos passados, 400 unidades já estão em fase de acabamento. É preciso ressaltar que os 400 apartamentos a serem entregues tiveram a participação do deputado federal Mauro Lopes na liberação dos recursos junto ao então presidente Michel Temer, no final de seu mandato, em 2018. Não se sabe se há novos projetos de construção de moradias populares junto aos governos federal e estadual.
A infraestrutura do local, luz, água, redes de esgoto e pluvial, asfalto e área de lazer já estão prontos. Para a assessoria de imprensa da prefeitura de Caratinga, enviamos perguntas sobre as obras no local, e a principal dúvida é quanto ao acesso à região da Portelinha e aos distritos de Dom Lara, Dom Modesto e Santa Efigênia; como sempre, nada foi respondido até o fechamento desta edição.
NOVO BAIRRO
Os loteamentos Esperança I e II devem receber logo os 400 apartamentos que serão entregues, havendo, ainda, mais de mil lotes comercializados pela Construtora Ciclope, todos já vendidos. Ainda existe um projeto de um condomínio fechado na região com mais 60 lotes já comercializados. Segundo informações não oficiais, colhidas pela reportagem, a região que engloba os loteamentos Esperança I e II, Comunidade da Portelinha e os distritos de Dom Lara, Dom Modesto, Santa Efigênia e outras comunidades rurais da região devem receber uma população em torno de 20 mil habitantes em curto espaço de tempo.
GARGALO
Para receber tamanho fluxo de pessoas, a prefeitura municipal de Caratinga, através do seu departamento de Obras ou empreiteira contratada, terá que fazer várias obras de alargamento e desapropriações no final da Rua Coronel Antônio Saturnino (Rua da Cadeia), pois existem várias casas praticamente dentro da via de acesso à região.
A reportagem em contato com pessoas ligadas à Construtora Ciclope, apurou que já existe uma estrada que liga o novo bairro ao final do bairro Santo Antônio e daí à rodovia MG-329 (Caratinga-Bom Jesus do Galho). Segundo o informante esta estrada vem sendo usada pelas construtoras que fazem obras na região para o tráfego de caminhões com materiais de construção e máquinas pesadas. Na opinião destas fontes, tal estrada resolveria de vez o problema de acesso àquela região, com custo bem inferior às desapropriações e obras no final na Rua da Cadeia.
EXPANSÃO URBANA
Cercada de montanhas de médio porte, a cidade de Caratinga apresenta topografia acidentada e não houve em nenhum governo, a preocupação de planejamento urbano. Fora o chamado miolo central, que pode ser entendido como o perímetro entre a praça da Estação e a praça do bairro Santo Antônio, o que se verificou nos últimos 40/50 anos foi a ocupação desordenada de áreas tidas, anteriormente, como de pastos e/ou morros. O melhor exemplo é o que se chama, hoje, de Complexo do Santa Cruz; de uma extensa via pública de mais de quatro quilômetros, a antiga rua Santa Cruz, a área se desdobrou em, pelo menos, seis novos bairros: Morro da Antena/Comunidade Santa Isabel, Bom Pastor, Anápolis, Doutor Eduardo e mais recentemente, a área da antiga rua do Bambu, que abriga dois novos loteamentos com dezenas de novas residências. A rigor, pode-se dizer que o único projeto urbano para a região do Santa Cruz ocorreu no governo do prefeito João da Costa Mafra, o João do Tino, entre 1977 e 1983. O Conjunto Habitacional Cândido José Placides foi instalado em terras de antiga fazenda, já no final da rua e onde moram, hoje, cerca de quatro mil pessoas. Em toda a região, vivem mais de trinta mil pessoas, eterno reduto de candidatos políticos em busca de votos e na mesma proporção, carentes de serviços. São, em sua grande maioria, operários e comerciários, entre poucos profissionais de outras áreas.
Em todo o resto do território urbano de Caratinga o mesmo fenômeno de ocupação desordenada foi verificado. O extenso trecho do leito da extinta linha férrea foi transformado em duas grandes avenidas, a Dário Grossi e a Professor Armando Silva, chegando ao bairro das Graças, via bairro Zacarias. Em toda a extensão, são dezenas de construções residenciais e comerciais, havendo, ainda, poucas unidades industriais. O próprio bairro das Graças, saiu de sua placidez de quarenta anos atrás para se transformar em importante centro comercial. Há, ainda, no mesmo bairro, tendência de expansão em direção aos distritos de Dom Modesto e Santa Efigênia; o primeiro passo foi dado com a construção e funcionamento do Hospital Irmã Denise, o Casu; o bairro abriga, ainda, um hotel e dezenas de comércios, incluindo um grande supermercado e um posto de combustíveis. Condomínios fechados fazem parte do cenário na Serra da Piedade, a partir do mesmo bairro das Graças.
Outras regiões de forte expansão urbana e quase nenhuma presença de infraestrutura pode ser vista em terras de antigas fazendas a partir da praça da Estação e na extensão paralela da BR-116 em direção a Santa Rita de Minas. O que há é de exclusiva responsabilidade de construção e manutenção de seus próprios incorporadores. O poder público só aparece na aprovação dos projetos e na cobrança de impostos. O melhor exemplo desta ausência do poder público ocorreu recentemente com o desmoronamento de um morro em um loteamento (novo), no bairro Rodoviários: com o desmoronamento, um posto de gasolina teve prejuízos materiais e alguns imóveis chegaram a ser interditados pela Defesa Civil.
O crescimento da cidade é visível e necessário, mas, a opinião pública cobra a presença mais ostensiva do poder público com projetos e obras de infraestrutura em sua consolidação.