
A cada dia que passa, tornam-se mais reais os prejuízos que o município de Caratinga sofrerá por não ter sido incluído entre as cidades mineiras inseridas na área de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). No momento, vários empresários estudam a possibilidade de transferirem seus empreendimentos em Caratinga para municípios da região que fazem parte da Sudene.
Há algumas semanas, um grupo formado por contabilistas e advogados de Caratinga passaram a se reunir para avaliar os benefícios que contemplam empresas e empreendimentos instalados na área de atuação da Sudene. Além disso, eles trabalharam na elaboração de um programa contábil e legal a ser apresentado a empresários locais, com orientação de como eles poderão transferir a administração de suas empresas para municípios da região beneficiados com as vantagens oferecidas pela Sudene, como são os casos de Santa Bárbara do Leste, Santa Rita de Minas, Piedade de Caratinga, Ubaporanga e Inhapim que, por sinal, contará com a instalação de uma agência do Banco do Nordeste.
Um dos aspectos que têm sido avaliados pelos empresários é o tempo de carência que seus empreendimentos possam ter acesso aos benefícios oferecidos pela Sudene. Apesar desse prazo, muitos deles se mostram dispostos a transferir suas empresas para outros municípios, pois, como eles entendem, após esse período, conseguirão diversos benefícios que jamais terão se suas empresas continuarem sedadas Caratinga.
Um grande empresário local, que preferiu não ter seu nome revelado, falando ao jornal A Semana manifestou toda a sua indignação e revolta com o fato dos deputados federais votados no município, durante todos os mais de 10 anos em que o projeto de lei que propôs a inclusão de municípios mineiros e capixabas na Sudene, terem deixado Caratinga, o maior e mais importante município da região, fora da lista dos municípios inseridos na Sudene.
Como ressaltado pelo empresário, os prejuízos pela não inclusão de Caratinga na área da Sudene afetam tanto as empresas pequenas quanto as médias e grandes. Para as empresas maiores, os prejuízos não estão ligados a facilidades de empréstimos ou financiamentos, mas, a isenção fiscal na venda e na compra de produtos e insumos, considerado por ele incalculável para a economia de Caratinga.
Ele tem realizado reuniões com as suas assessorias contábil e jurídica, e considera iminente a transferência da administração de sua empresa para um dos municípios da região que passaram a integrar a Sudene e, posteriormente, também levará para o município escolhido os setores de venda e de produção. Disse, ainda, que empresários com os quais tem relação de amizade também se mostram dispostos a fazer o mesmo.
Não escondendo sua revolta, ele considera um absurdo injustificável a forma como os deputados federais votados em Caratinga ignoraram os muitos prejuízos que o município sofreria ao não ser inserido na Sudene, o que considera uma traição. Ele também critica a falta de ação dos prefeitos de Caratinga que não se dignaram a promover audiências para analisar os benefícios que o município e sua população poderiam receber com a inclusão na Sudene.
Segundo o empresário, as tentativas feitas pelos deputados de se justificarem diante da população quanto a omissão cometida por eles é mais uma ofensa. Para ele, o projeto de lei apresentado pelo deputado Mauro Lopes à Câmara dos Deputados, no qual pede a inclusão de Caratinga na Sudene é uma balela. “O projeto aprovado, do qual ele foi o primeiro relator e que contava com o interesse de mais de 80 cidades mineiras, demorou mais de 10 anos para ser aprovado. Se esse projeto dele for aprovado no mesmo prazo, o que eu duvido, as empresas de Caratinga já terão sofrido mais de 10 anos de prejuízo. Isso não passa de mais uma jogada política, com tentativa de iludir o eleitor, como tantas outras que ele fez”.