Roubos na zona rural: vítimas continuam facilitando os crimes
Um problema de difícil solução para o 62º Batalhão de Polícia Militar (BPM) é o combate aos roubos a propriedades rurais em sua área de atuação. Conspiram para isso a grande extensão territorial rural dos 25 municípios da região e alguns hábitos mantidos por produtores que acabam contribuindo para o sucesso dos delinquentes em suas ações.
Há vários anos, a Polícia Militar de Minas Gerais tem procurado reduzir a ocorrência de roubos na zona rural por ocasião do período da colheita do café, quando ocorre maior circulação de dinheiro nas zonas cafeeiras, por meio da Operação Safra Segura que, neste ano, contou com uso de helicópteros na região de Caratinga. Mesmo assim, pelo fato de ser impossível a presença policial em todos os lugares, os roubos a famílias rurais ainda têm acontecido.
A Polícia Militar transmite aos produtores rurais dicas de autoproteção, porém, parte delas não alcançam aos pequenos produtores, notadamente os de agricultura familiar, que não contam com sistemas de segurança ou não se familiarizam com as novas tecnologias, como circuitos de câmeras de segurança, por exemplo.
Para piorar a situação, grande parte desses pequenos produtores não acolhem as orientações feitas pela Polícia Militar de fácil e possível execução.
Dois assaltos ocorridos no dia 11 deste mês na região, sendo um em Ubaporanga e outro em Santa Rita de Minas, são bons exemplos da facilidade encontrada por marginais em praticar roubos em propriedades rurais.
Em ambos os casos, as propriedades não contavam com sistema de monitoramento por câmera de segurança, aspecto que dificulta a identificação e, consequentemente, a identificação dos autores e suas capturas.
No episódio de Ubaporanga, ocorrido no Córrego Rio Preto, as vítimas, um senhor de 76 anos e uma senhora de 73, além da vulnerabilidade natural diante de suas idades, ofereceram aspectos que favoreceram a ocorrência do roubo, no qual os autores levaram a quantia de R$ 48 mil em dinheiro, que o casal mantinha em casa.
Como apresentou o relato policial, o casal foi surpreendido por dois elementos, ambos portando armas de fogo, que afirmaram conhecer a rotina do casal e terem conhecimento de que estavam guardando grande soma de dinheiro em casa.
Provando que diziam a verdade, os autores pegaram uma cumbuca onde o casal mantinha guardado a quantia de R$ 48 mil. Em seguida, foram direto à gaveta onde havia um revólver do qual também se apossaram, levando ainda um aparelho celular.
No interrogatório realizado pelos policiais que atenderam à ocorrência, o proprietário rural citou três prováveis suspeitos, sendo eles dois familiares do casal, que conheciam a rotina da família e têm envolvimento com drogas, e um terceiro parente, que foi preso recentemente e pode também ter relatado a alguém sobre a rotina da casa.
O casal cometeu dois graves erros que foram os principais responsáveis pelo prejuízo sofrido, contrariando totalmente as medidas de autoproteção orientadas pela Polícia Militar.
O primeiro erro foi manter dentro de casa os R$ 48 mil. Se esse dinheiro estivesse devidamente depositado em alguma agência bancária, como orienta a Polícia, os ladrões não teriam motivo para proceder o assalto.
O segundo erro foi permitir que outras pessoas, ainda que familiares, viessem a saber da posse da elevada quantia dentro de casa. Note-se que os assaltantes tinham conhecimento até mesmo do objeto onde o dinheiro estava escondido.