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VERBAS INDENIZATÓRIAS, interesse do município ou SALÁRIOS MAIS GORDOS?

Valor recebido pelo vereador Mauro Água e Luz foi de R$ 660,00 e não R$ 6.240,00 como publicado no jornal impresso

Parece não haver tempos de crise para vereadores com assento na Câmara Municipal de Caratinga em vista do expressivo volume de dinheiro público gastos em muitas viagens dos parlamentares e assessores para contatos com deputados federais e estaduais, em Brasília e Belo Horizonte. Nos relatórios apresentados à alta direção do legislativo é sempre o mesmo: tratar de assuntos do interesse do município e/ou em busca de recursos de emendas parlamentares. Só no ano passado, a título de verbas indenizatórias, saíram das contas da Câmara, R$ 166.100.
No dia 9 de fevereiro, atendendo pedido protocolado pelo jornal A Semana, a Câmara enviou vasta documentação mostrando o quanto cada vereador gastou e a razão oficial para cada viagem. Em média, essas viagens duram três dias, em BH e até seis, na capital federal. O campeão da gastança é o vereador Ramon Alacrino, que teve o reembolso de R$ 15.660 para custeio de suas viagens. Mas, na mesma lista, aparecem outros nomes, como o vereador João Catita (R$ 14.100) e o vereador Valdeci Dionísio (Dete), este, com R$ 12.960.

Além dos vereadores, também, seus assessores têm direito ao reembolso das verbas indenizatórias. Há casos surpreendentes, como o da assessora Michele Rosa, que atende o vereador Dete, que acompanhou o parlamentar “para registrar a visita” do vereador ao deputado Gustavo Santana, em BH, conforme consta no relatório. Não se sabe que tipo de registro foi este, mas, imagina-se que tenha sido meras fotografias de Dete com o deputado, que poderiam ser feitas por qualquer pessoa, por meio de um celular.

A justificativa para cada viagem foi, quase sempre, tratar de assuntos do interesse do município. Os gabinetes mais visitados foram os dos deputados Gustavo Santana, Professor Irineu e Bráulio Braz, todos estaduais e os deputados federais, Luiz Tibet, do Avante e Mauro Lopes do MDB. Curiosamente, não há registro de visita ao gabinete do deputado federal Hercílio Diniz, do MDB, a mesma legenda de Mauro Lopes e o mais votado em Caratinga nas últimas eleições parlamentares.

GASTOS
Pelos documentos da Câmara Municipal, verifica-se o volume de dinheiro público gasto pelos vereadores e seus assessores nestas viagens.

Ramon Alacrino esteve com o deputado Luiz Tibet entre 1º e 6 de abril; com o mesmo deputado entre 25 e 29 de abril e com a deputada federal Greyce Elias, também do Avante, no mesmo período. Assunto? Reforma de uma praça no Bairro Esperança; entre 11 e 14 de maio, o vereador Alacrino visitou o deputado estadual Gustavo Santana e voltou ao mesmo gabinete, em BH em outras duas ocasiões: 13 e 17 de julho e entre 23 e 25 de novembro. Total dos gastos: R$ 15.660, no ano de 2021.

Ramon Alacrino foi o campeão de gastos em 2021, R$ 15.660
O que poderia ser resolvido com um simples ofício ou telefonema, foi motivo de várias viagens

Já o vereador João Catita gastou a bagatela de R$ 14.100 em visitas ao deputado Gustavo Santana e ao federal Mauro Lopes, em seu escritório na capital mineira.

Outro que aparece nesta relação é o vereador Irmão Emerson, que esteve em Brasília, com o deputado Mauro Lopes, entre 16 e 19 de novembro. Genérico, Irmão Emerson não especificou o motivo da viagem. Informou apenas que foi “tratar de assuntos de interesse do município”.

O vereador Dete, por sua vez, viajou com sua assessora Michele Rosa para se encontrar com o deputado Gustavo Santana várias vezes. A assessora foi “registrar a visita” como consta do relatório. Total de despesas: O vereador Dete gastou R$ 12.960 e a assessora R$6.240, totalizando o valor de R$ 19.200.

Documentos comprovam ida de vereador acompanhado de assessora ao gabinete do deputado Gustavo Santana
Outros relatórios comprovam ida de assessora para registro do vereador na capital mineira

DESNECESSIDADE
Quando o eleitorado elege seus representantes em qualquer esfera, municipal, estadual ou federal espera que haja transparência no exercício do mandato. Por isso, questiona-se tanto a real necessidade de viagens a deputados estaduais e federais, com visitas nem sempre de resultados satisfatórios.

Questiona-se, por exemplo. A necessidade de um assessor para registrar a visita ao gabinete, como está nos relatórios. A pergunta que se faz é se não haveria, no gabinete, uma pessoa da própria assessoria do deputado para fazer este registro, que se imagina seja simples fotos através do celular. A menos que fosse outro tipo de registro e que não é explicado no documento.

Idas ao advogado Mauro Bomfim
Também consta nos relatórios várias visitas pelos vereadores e assessores ao escritório do advogado Mauro Bomfim, contratado pela Câmara Municipal para assessoria jurídica. O legislativo possui em seu quadro de funcionários, vários juristas contratados e efetivos. Não seria mais adequado as tratativas das pendências jurídicas serem avaliadas primeiramente com os profissionais da área que compõe o quadro da Câmara?

A opinião pública está despertando para a necessidade de cobrança dessa verdadeira farra com dinheiro público, seja por auditoria interna da própria Câmara Municipal ou, em caso extremo, da intervenção do Ministério Público na apuração.

O jornal A Semana mantém abertas suas páginas e colunas para eventuais esclarecimentos como tem feito desde sua primeira edição, há 37 anos.

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